São Miguel Arcanjo, comemorado em 29 de setembro é o embaixador dos assuntos celestes e o opositor direto de Lúcifer.
Sabe-se que, no geral, a ideia mais comum que se vê sobre Lúcifer vem de um erro de interpretação que, muitas vezes, leva-nos a colocar a culpa do que nos acontece em fatores externos. Culpamos um certo diabo de chifres e pele vermelha por nos incitar a fazer algo de errado quando, na verdade, a nossa própria inatividade é a causa do mal.
Seu caráter lutador lhe rende os títulos de defensor, guardião, protetor, guerreiro e muitos outros. Seu nome Miguel significa “Quem é como Deus”. Alguns entendem como uma pergunta, outros como afirmação. Miguel é o braço direito de Deus, o braço ativo e produtivo.
Por isso, ao falarmos do Arcanjo Miguel devemos tomar cuidado. Alguns o sincretizam com o Orixá Exu, por ser guardião das almas, que as conduz ao outro lado após desencarnarem e por ser ligado à guerra. Em um sincretismo complexo e mais fiel, na Umbanda entende-se que São Miguel lidera e coordena as falanges de Exu e Pomba-Gira, assim como as leis do carma, sendo, portanto, visto também pela imagem de Xangô, Orixá general e guerreiro.
Como Xangô, São Miguel é guerreiro, não das guerras sem significado feitas falsamente em nome das religiões mas, sim, da guerra de cada um contra seu próprio “diabo”. Xangô tem braços fortes, representando a força para lutar e aparece muitas vezes com calças largas ou saias muito abertas, como se suas pernas fossem montanhas agarradas ao chão, representando a persistência.
Miguel desce dos céus, é o braço direito de Deus e, também com o vermelho em suas roupas, representa a árdua batalha contra o mal, quase sempre apontando de cima para baixo seu golpe. Através do poder do intelecto e do conhecimento das coisas Divinas, da comunhão com o cosmos superior e da atividade constante, tanto espiritual quanto em terra.
O verdadeiro lutador treina o corpo constantemente e também a mente e o espírito. Miguel não é um guerreiro de espada, é o guerreiro da Divina Ascenção e da vitória contra as teimosias inúteis do ócio. Da obediência de Miguel e sua servidão ao propósito do Bem, devemos aprender a nunca parar, estar sempre em treinamento, pois o arcanjo não é igual à Deus em essência, Deus é único, mas, como o Pai, está sempre trabalhando, sempre agindo.
Não há um Santo ou Orixá que nos ensine a ficar à toa. Como disse Edmund Burke: “Tudo o que é necessário para o triunfo do mal é que bons homens não façam nada”. Oremos neste dia 29 a Miguel, para através de sua força, obediência e perseverança, sejamos sábios e ativos, para que continuemos sempre a caminhar e batalhar contra o diabo dentro de nós que nos tenta e faz acreditar que não temos o que fazer.