Confira uma lenda da Cabocla Indaiá, da Linha das Águas

Confira uma lenda da Cabocla Indaiá, poderosa Cabocla das águas, grande guerreira em sua tribo e hoje trabalhadora da linha das águas.

Lenda da Cabocla Indaiá: quem era Indaiá?

Reza a lenda que Indaiá nasceu no litoral de Pernambuco, próximo a toda beleza e exuberância daquela região. Seu pai era um guerreiro respeitado na tribo e sua mãe era uma grande artesã. Seu povo, de cultura Tabajara, vivia em paz e harmonia na região litorânea, até a chegada do homem branco.

Sua tribo mudou-se, assim, para o interior das matas a fim de fugir da devastação do colonizador. No entanto, Indaiá era muito apegada ao mar e sentia falta dele. Então, sempre que podia, escapava de sua tribo para visitar as águas salgadas do Oceano e se banhar.

Lenda da Cabocla Indaiá: o amor surge em sua vida

Certo dia, enquanto se banhava no mar, um dos portugueses invasores, que fazia uma expedição de reconhecimento, avistou-a e encantou-se com sua beleza. Sua pele morena, seus longos cabelos negros, seus olhos cheios de paixão pela vida, chamaram a atenção do rapaz, que ficou observando-a sem ser visto e, depois, a seguiu-a até sua tribo.

Os Tabajaras eram desconfiados, mas evitavam confrontos armados, diferente dos Potiguaras que gostavam de guerrear . O Cacique dos Tabajaras, Arco Verde (Uirá Ubi), possuía também uma filha de muita beleza chamada Tabira que estava em idade de núpcias, porém sem casar, assim, como Indaiá, que esperava para ser entregue a um guerreiro de sua tribo.

Quando a Expedição de portugueses chegou até a Tribo Tabajara, o Cacique Arco Verde assustou-se e pensou que era o fim de sua raça. Travaram, assim uma sangrenta luta, na qual o bandeirante Jerônimo de Albuquerque teve um dos olhos ferido por uma flecha, foi feito prisioneiro e condenado à morte.

Porém, foi salvo pela intervenção de Tabira, que dele cuidou e acabou se apaixonando pelo prisioneiro. O casamento dos dois selou a paz entre os Tabajaras e os Colonizadores portugueses. 

Lenda da Cabocla Indaiá: seu amor salva sua tribo

Houve, então, uma negociação de apoio entre ambos, que se uniram contra os Potiguaras. Devido ao acidente, Jerônimo passou a ser chamado de “O Torto”.
Com o casamento da filha do Chefe, Indaiá também pôde casar-se com aquele que a seguiu: Alexandre Duarte, um dos assistentes da expedição.

Tabira foi batizada e recebeu o nome de Maria do Espírito Santo Arco Verde – em homenagem ao Dia de Pentecostes. Indaiá também foi batizada e recebeu o nome de Maria Dolores Arué (em homenagem a Nossa Senhora das Dores). Arué (Alma dos Mortos) era o nome de seu pai.

Tendo feito uma aliança com os chefes indígenas tabajaras, os expedicionários portugueses conseguiram, assim dominar completamente os potiguaras. Com ajuda de Vasco Fernandes de Lucena, amigo dos Tabajaras, em 12 de março de 1537 a povoação passou a ser chamada de Vila de Olinda.

Mesmo após sua morte, Indaiá segue amando o mar

Indaiá e Alexandre tiveram treze filhos e este manteve-se fiel a esposa que tanto amava. Alexandre levou Indaiá a viagens pelo mar e ela conheceu toda a exuberância do oceano.

Com 28 anos, prestes a dar a luz seu último filho, Indaiá sentiu que a morte se aproximava, por isso, logo após o parto, pediu ao esposo que a levasse à praia. Ela queria morrer sentindo as águas do mar a lhe tocar e assim foi…

Após a morte da esposa, Alexandre ia sempre até a beira da praia, onde dizia ouvir a voz da amada e ver seu vulto na água. Ele dizia aos outros que ela havia se tornado uma sereia, mas todos o desacreditavam, achando que, por conta da bebida e de saudades da esposa, ele andava delirando.

Alexandre nunca se casou novamente, pois dizia que sua amada sempre ia lhe ver e lhe tocar nas águas do mar.

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